Eu sou a Terra
Eu sou o Mar
Eu sou o Ceú
Tudo que neles há
Sou o caos e criação
Um infinito de caminhos e probabilidades
Sou um trançado de essências
Sou Verdade
Todas as verdades
Pulso vida, respiro vida, gero vida
Sou espírito, corpo e alma
Raiz, terra e vento
Sou universo e o universo está em mim
No dia 06 de fevereiro acordei diferente, na semana tinha vivenciado uma meditação na qual vi meu velório e desde então estava sentindo uma espécie de luto. Por isso, no sábado, dia da Espiral de Danu, estava me sentindo angustiada, sem vontade de participar, de deixar para depois. As vezes o nosso ego tenta sabotar nosso crescimento e precisamos ter força, por isso mesmo superei essa sensação e participei, e como sempre foi incrível.
A Espiral, além do aprendizado teórico, é uma troca vida de experiências e apoio. Consigo ver as histórias de cada uma ganhando vida e dançando de mãos dadas. É incrível!
Chegou o momento do encontro, uma meditação guiada pela voz profunda e sonora da Máh. Me preparei, relaxei e fui me permitindo. Caminhei pelo cais, cheguei ao barco e naveguei pelos rios até chegar ao mar e senti alguém trançando meus cabelos e adormeci. Só acordei com a Máh nos chamando de volta. O que Danu me ensinou não precisava que eu estivesse consciente.
Dias passaram, tentei fazer o encontro novamente, mas sempre algo atrapalhava. Mas hoje, a meia noite de 28 de fevereiro, depois de colocar Gael para dormir e dormir junto com ele, acordei e senti que seria agora, esse era o momento.
Me preparei, acendi uma vela, coloquei um cheiro de limão siciliano, liguei o vídeo e comecei a meditação guiada. Dessa vez consegui me encontrar com Danu.
Caminhei até o cais, entrei no barco e deixei as águas do rio me guiar até o mar das minhas emoções. O rio seguia sinuoso por florestas e rochas e chegou ao oceano. Olhei para o céu e percebi que nascer do sol e crepúsculo estavam juntos, e de repente se tornou uma aurora boreal verde e dourado. Hipnotizante.
Cheguei à ilha e lá estava ela, me esperando e estendendo as mãos. Desci do barco e fui ao seu encontro. Danu me abraçou e mais uma vez trançou meus cabelos enquanto me fazia lembrar do seu ensinamento: trance seus problemas, trance suas tristezas, seu cabelo tem magia.
Enquanto ela trançava meus cabelos, senti meus pés criando raízes e se misturando a terra. Meu corpo se transformar em caule e meus braços em galhos e indo em direção ao céu. Tentei pensar em como descreveria o que estava acontecendo e Danu silenciou minha mente e me disse apenas para sentir. Sentir é deixar as emoções fluir.
Minhas raízes percorreram toda a ilha, sentindo toda vida, saboreando a seiva, as águas e o vento, fazendo parte de tudo. Entendo que sou parte da ilha e parte de todo o universo. Meu corpo se uniu a terra, se uniu a Danu, e a terra se transformou, foi se modelando ao nosso redor. Subiu montanhas com histórias desenhadas em suas rochas, a história do mundo. Por entre os caminhos da caverna, passava um, rio e suas águas levavam para o centro da montanha onde estava as minhas raízes, meu corpo e meu coração.
Sentia a terra, as águas, o céu. Sentia os animais correndo meu pelo corpo, os galhos das árvores e as flores nos campos se movendo juntos ao vento como se fossem meus cabelos. Sentia tudo, porque sou vida, porque eu sou a ilha. A minha ilha Esmeralda.
Senti que nosso encontro estava terminando, o vento trouxe a voz da Máh chamando de volta, cantando sobre amor e escutei porque sou amor também. Danu me ensinou a ver além dos olhos. Ver com o corpo e coração.
“Terra molhada, água fértil
Lagos cheios de vida
natureza em sua plenitude
Danu, senhora da abundância
Mãe dos Tuatha Dé Dannan
De longe vejo suas montanhas de seios fartos
Escuto o som que vem dos rios
És como o canto da natureza
Eu lhe saúdo, senhora da água do céu
Querida matriarca
Eu peço sua proteção
Lhe reverencio
E agradeço pelas bênçãos!”
Fonte: https://circulocelticobheur.blogspot.com/2017/07/oracao-danuanu.html
Alyne Castro 
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